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Mentir no currículo: até onde isso é aceitável?

Currículos com informações falsas podem impedir contratações, causar demissão, prejudicar a reputação e até mesmo gerar consequências legais. O caso recente de uma jovem brasileira que viralizou na internet na última semana ao ser desmentida pela NASA sobre ter recebido treinamento para ser astronauta reacendeu o alerta sobre os riscos de fraudar qualificações profissionais.

Na última semana, o caso de Layla Peixoto, de 22 anos, dominou as redes sociais ao ser desmentida pela agência espacial norte-americana sobre ter sido selecionada para “se tornar astronauta de carreira” e que havia terminado o treinamento de astronauta pela Nasa em 2022.

A instituição informou que não possui registros da brasileira. Ela também publicou ainda em seu LinkedIn que participaria do voo inaugural da Titans Space, empresa que, segundo a Administração Federal de Aviação dos EUA (FAA), não está autorizada para esse tipo de atividade. Pouco depois da repercussão, Layla apagou o perfil da rede profissional.

A Nasa também negou qualquer vínculo com a jovem, que alegou ter sido selecionada como “astronauta de carreira” por uma empresa privada, conforme revelou o portal G1.

Situações como essa mostram por que empresas investem cada vez mais em processos rigorosos de verificação de antecedentes. Informações como formação acadêmica, tempo de serviço, cargos ocupados e habilidades técnicas são checadas minuciosamente.

Vale citar que mentiras como falsificação de curso, cargo, tempo de serviço ou habilidades técnicas costumam ser detectadas. Caso a falsidade seja descoberta antes da contratação, a proposta é cancelada. Se descoberta após a admissão, a demissão é praticamente inevitável.

Mesmo alterações consideradas “sutis” no cargo ocupado, como trocar títulos criativos por nomes convencionais, podem ser interpretadas como má-fé, dependendo do recrutador. A recomendação é sempre manter os fatos, evitando distorções.

Mentiras também podem ser descobertas durante entrevistas, principalmente quando os candidatos precisam comprovar habilidades técnicas. Recrutadores costumam aplicar testes práticos justamente para verificar se o profissional domina o que afirma. Falhas nessas etapas geram constrangimento e minam a credibilidade do candidato.

Mesmo que a fraude passe despercebida e o profissional seja contratado, os riscos persistem. O funcionário pode não conseguir desempenhar a função corretamente, o que compromete entregas e relações com a equipe. Informações falsas também podem vir à tona por meio de colegas ou em processos de promoção, levando à demissão por justa causa.

A reputação profissional é um ativo construído ao longo do tempo. Mentiras podem colocar tudo a perder, afetando a imagem do trabalhador no mercado. Em setores com forte rede de contatos, esse tipo de situação pode levar à exclusão em processos seletivos futuros.

Em alguns casos, mentir em um currículo pode até configurar crime. Declarações falsas sobre serviços militares, por exemplo, são enquadradas na Lei de Roubo de Valor nos Estados Unidos. Em processos seletivos para cargos públicos, a falsidade pode ser enquadrada como fraude criminal.

A omissão de experiências irrelevantes no currículo é aceitável. No entanto, mentiras explícitas sobre formações, cargos ou habilidades técnicas nunca são justificáveis. A honestidade segue sendo o melhor caminho para construir uma carreira sólida, confiável e duradoura.

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